segunda-feira, 26 de março de 2012

Alemanha admite aceitar aumento do fundo de socorro da Europa


Fonte: O Globo
Líderes europeus podem decidir esta semana pela injeção de recursos

O Eurogrupo, que reúne os ministros de Finanças da União Europeia, se reúne nesta sexta-feira em Copenhague com a expectativa de que defina o aumento do fundo de resgate europeu, atualmente limitado em 500 bilhões. Até mesmo a Alemanha, que se opunha à proposta, parece estar inclinada a mudar de opinião para aliviar a pressão dos mercados financeiros, segundo fontes revelaram ao "Financial Times".

A necessidade de ampliar o fundo de socorro se torna ainda maior num ambiente com dados frágeis da economia europeia, junto com os recentes aumentos das taxas de juros das dívidas da Espanha e da Itália. O argumento é que o fundo de resgate europeu deve ser grande o suficiente para prevenir contágio de outros países da zona do euro no caso de problemas em algum país.

O fundo tem 500 bilhões e a proposta é que seja ampliado para 940 bilhões, ou quase 1 trilhão. Cerca de 200 bilhões, no entanto, já estão comprometidos com planos de resgate da Grécia, da Irlanda e de Portugal.

Fontes ligadas ao governo alemão revelaram ao "Financial Times" que Berlim está disposta a admitir a ampliação do fundo de resgate.

- O fracasso em aumentar o volume de recursos ou em fazer algum progresso seria uma lembrança da inabilidade da Europa de se antecipar à crise - disse o chefe da área de pesquisa do Standard Bank em Nova York, David Mann.

Novos protestos na Grécia contra austeridade

A pressão por um aumento do poder de fogo do fundo de socorro se tornou maior depois da divulgação do Índice de Gerente de Compras (PMI, na sigla em inglês) para manufatura em março, que mostrou recuo inesperado para Alemanha e França - as maiores economias da zona do euro -, de os preços de petróleo terem alcançado novos recordes e dos problemas da dívida da Espanha terem se aprofundado.

- Estamos em um ambiente volátil e as coisas podem mudar muito rapidamente, tanto para o lado positivo quanto para o negativo - afirmou o economista-chefe para a zona do euro do Unicredit, Marco Valli.

Os dados fracos da Alemanha e da França lembram que a onda de otimismo que chegou ao mercado recentemente foi reflexo de menores riscos na Grécia, não um voto de confiança no cenário econômico, apontou o estrategista global da Brown Brothers Harriman, Marc Chandler, em comunicado.

Alertas da contínua fragilidade europeia vieram da Espanha na semana passada, quando as taxas de juros para as dívidas de dez anos chegaram a 5,5%, o que não ocorria desde o início de janeiro. E foram ampliados quando o premier espanhol, Mariano Rajoy, anunciou um cenário fiscal mais sombrio e um acordo com Bruxelas para relaxar as metas do país.

Os líderes europeus estão preocupados não apenas com uma solução mais imediata da crise, há quem já se preocupe em retomar a trajetória de crescimento econômico. O premier finlandês, Jyrki Katainen, reuniu personalidades em um hotel neste fim de semana para discutir o futuro da Europa. A questão é como injetar vida em uma economia moribunda, com 24 milhões de pessoas sem emprego em 27 países e a maior taxa de desemprego desde 1998.

- Há um risco de perdermos anos - disse Katainen, ao ser questionado sobre a década perdida do Japão, nos anos 1990. - Mas se mudarmos as estruturas que não estão produzindo crescimento no momento, então os países podem realmente mudar de direção.

E a Grécia viveu mais um fim de semana de manifestações, que afetaram as comemorações pelo Dia Nacional da Independência. Vinte e cinco pessoas foram detidas pela polícia, que reprimiu os protestos nas ruas com gás lacrimogênio. Uma parada de estudantes foi cancelada por causa das manifestações.

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