sexta-feira, 20 de abril de 2012

Mantega diz que opinião de Lagarde sobre câmbio no país é 'um equívoco'

Fonte: O Globo
Autora: Flávia Barbosa
FMI vê múltiplos fatores de valorização do real. Ministro culpa nações ricas

A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, afirmou ontem que os países emergentes devem trabalhar para corrigir desequilíbrios como, por exemplo, em relação à taxa de câmbio. Num recado que pode ser compreendido como endereçado ao Brasil, ela disse que a apreciação de moedas frente ao dólar é um efeito dos grandes fluxos de capitais para estas economias. Para ela, há dois caminhos: implementação de medidas que visem a corrigir a valorização cambial ou simplesmente aceitar moedas mais apreciadas. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, considerou a afirmação "um equívoco".

O Brasil, segundo relatórios de FMI e Banco Mundial, é um dos que mais atraem capitais estrangeiros desde o estouro da crise, em 2008. Além de estar mais vulnerável à volatilidade dos mercados, o país arca com o efeito colateral de ter o real valorizado frente ao dólar, o que reduz a competitividade nacional.

Governo vai continuar intervindo, diz Mantega

Lagarde também alertou que, diante da volatilidade dos mercados, alguns emergentes devem reorientar as bases do crescimento para o mercado doméstico, adicionando o consumo como motor da expansão, hoje centrada no investimento. Para isso, são necessárias "significativas e profundas reformas em casa", disse em recado à China.


- Para outros emergentes, isso significa estar atento aos fluxos de capitais, manejá-los adequadamente com as medidas macroprudenciais apropriadas, ajustando suas moedas apropriadamente. Ou aceitando a valorização - disse ela pela manhã.

Para Mantega, a posição do Brasil é atuar para alterar a tendência de alta do real. E reafirmou que o governo continuará intervindo no câmbio. Ao contrário de Lagarde, que vê múltiplos fatores para a valorização de moedas emergentes, ele disse que a apreciação é um efeito da decisão de economias ricas de desvalorizarem suas moedas para ganhar fôlego, atenuar desequilíbrios e reativar a economia.

- Acho um equívoco (a posição de Lagarde). O Brasil é um dos países que mais sofrem com a nossa valorização do câmbio. Nos últimos anos, nossa indústria tem perdido competitividade em grande parte por causa da desvalorização das moedas de outros países. Estamos provando na prática que, fazendo intervenções no câmbio, já que os outros países resolveram usar esta estratégia, são eficazes e podemos diminuir esta desvantagem que nossa indústria tem tido a partir de um câmbio valorizado - disse o ministro à tarde. - A cada reunião que fazemos, há uma tentativa de cercear esses movimentos de intervenção no câmbio, mas a maioria acaba decidindo que ela está correta.

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