sexta-feira, 15 de junho de 2012

Mudança de imposto não mexe no dólar

Fonte: Valor Econômico
Autores:  Eduardo Campos e João José Oliveira

Depois de três altas seguidas e ganho acumulado de 2,4%, o dólar fechou a quinta-feira em baixa. A moeda americana caiu 0,68%, para R$ 2,058.

No entanto, não foi a mudança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre as captações externas que chamou os vendedores ao mercado (leia mais sobre IOF na página ao lado).

De fato, o dólar passou a maior parte do dia rondando a estabilidade. As vendas tomaram corpo por volta das 15h30, conforme passaram a circular pelas mesas de operação informações de que o governo poderia rever o IOF de 1% que incide sobre ampliação de posição vendida em derivativos de dólar.

As ordens de venda cresceram ainda mais e o dólar atingiu a mínima do dia a R$ 2,05 (-1,06%) depois que saíram notícias no mercado externo dando conta de que os bancos centrais estão prontos para promover ações coordenadas de injeção de liquidez dependendo do resultado das eleições gregas do fim de semana.

De volta aos fatos, segundo o economista e professor da PUC-Rio, André Cabus Klotzle, a mudança do IOF tem efeito apenas residual, pois a maior parte das empresas vem captando com prazos superiores.


Para o economista, o próximo passo seria zerar as alíquotas para prazos entre um e dois anos nas captações e algumas outras medidas restritivas, como o IOF sobre aplicações de renda fixa, recolhimento compulsório sobre posição vendida dos bancos no mercado à vista superior a US$ 1 bilhão e outras, visando facilitar o ingresso de dólares.

Já o IOF sobre derivativos - medida vista como de maior impacto entre todas no arsenal do governo -, Klotlze aponta que essa restrição causa um aumento no custo de hedge (proteção), assim com o IOF de 6% sobre depósito de margem na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F).

"Existe o comprador, mas o vendedor se retrai. E ainda existe outro sério problema: muitas empresas não faziam hedge, pois isto encareceria sobremaneira as captações. O prejuízo dessas companhias em seus balanços pode ser bastante elevado, via aumento de custos. Dessa forma, também se cogita a redução ou eliminação temporária desse IOF sobre o mercado de derivativos cambiais", explica.

Ainda de acordo com o professor, ao facilitar as captações externas, a equipe econômica estaria, de certa forma, estimulando o crédito interno e, assim, evitando uma redução maior do Produto Interno Bruto (PIB), que é a principal preocupação.

No mercado de juros, os contratos futuros recuaram pela quinta sessão seguida. O resultado das vendas no varejo abaixo do esperado deu força às apostas em novas quedas da taxa básica.

A curva de juros na BM&F sugere um corte de 0,5 ponto da Selic, no encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) de julho, e mais uma redução que pode variar entre 0,25 ponto e 0,50 ponto em agosto. Mas ganha força a linha que espera um BC mais frouxo.

Essa linha de posições ganhou o reforço do Itaú Unibanco, que revisou para baixo a projeção da Selic, de 7,75% para 7,50%. "A economia brasileira vem se recuperando mais lentamente do que o esperado", apontou o maior banco privado brasileiro.

É mais uma casa que corta as projeções para o juro básico por causa do ritmo da recuperação da economia brasileira, após Bradesco, Standard Chartered e a consultoria MCM.

E a consolidação dessa aposta pode ocorrer hoje, quando sai às 8h30 o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) referente a abril de 2012.

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